Crise financeira internacional. "Capitalismo para os pobres e socialismo para os ricos"
Diz um ditado popular que "não existe almoço grátis", ou seja, no final alguém sempre paga a conta. Foi o economista Milton Friedman - um dos ícones das teses neoliberais - que popularizou o ditado. Segundo Friedman "ninguém gasta o dinheiro dos outros com o mesmo cuidado com que gasta o seu próprio". Partindo dessa idéia, Friedman defende com entusiasmo o livre-mercado como sendo mais responsável do que o setor público - leia-se o Estado -, na condução dos assuntos econômicos. A crise financeira que derrubou as bolsas no mundo todo nas últimas semanas contraria a tese de Friedman. Afinal o que se viu com a crise financeira nada mais foi do que "um capitalismo para os pobres e socialismo para os ricos". Foram os bancos centrais públicos que puseram à disposição dos bancos privados uma montanha de dinheiro para salvar esses mesmos bancos privados.Traduzindo o que aconteceu é o seguinte: Quando o mercado está ganhando os lucros são privados e quando ocorrem perdas, o prejuízo é socializado. A operação de salvamento por parte dos bancos centrais sinaliza para o conjunto da sociedade que na hora 'h' em vez de ser punido o capital acaba sendo premiado. A crise financeira mundial apresenta algumas lições. Uma delas é que apesar de se falar em triunfalismo da globalização, de irresistibilidade do neoliberalismo, das bolsas midiáticas, é sempre o Estado - acusado pela própria globalização de entrave ao maravilhoso mundo dos negócios -, o salvador das trapalhadas e por que não dizer trapaças do capital. A crise pode comprometer o crescimento econômico do País e atrapalhar o segundo mandato de Lula que se previa sem abalos na econômica. Agora, o Planalto teme uma freada no crescimento. Caso se confirme o pior cenário possível - a longevidade da crise - a maior vítima pode ser o Programa de Aceleramento Econômico (PAC).A crise financeira internacional é demonstrativa para o Brasil de outra amarga constatação. Apesar de uma situação um pouco mais confortável com o aumento das reservas internas, o país continua extremamente vulnerável. A vulnerabilidade brasileira acontece em função da forma subordinada como o país se insere na economia internacional. E o pior é que o país insiste nesse modelo de inserção subordinada a julgar-se pela insistência na aposta das commodities do agronegócio. Em que pese à análise crítica à crescente commoditização da economia nacional, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff fez questão defender o etanol e afirmou que hoje não existe no país a contradição entre produção de energia e a de alimentos. A ministra desconsidera o alerta feito pela FAO que o mundo corre o risco de um aprofundamento da pobreza e de danos ainda mais graves ao ambiente, a menos que altere radicalmente sua estratégia quanto à bionergia.
Cesar Sanson -Pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores e doutorando de Ciencias Sociais na UFPR. Esta análise foi feita em um trabalho conjunto com a equipe do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).24/08/07
Diz um ditado popular que "não existe almoço grátis", ou seja, no final alguém sempre paga a conta. Foi o economista Milton Friedman - um dos ícones das teses neoliberais - que popularizou o ditado. Segundo Friedman "ninguém gasta o dinheiro dos outros com o mesmo cuidado com que gasta o seu próprio". Partindo dessa idéia, Friedman defende com entusiasmo o livre-mercado como sendo mais responsável do que o setor público - leia-se o Estado -, na condução dos assuntos econômicos. A crise financeira que derrubou as bolsas no mundo todo nas últimas semanas contraria a tese de Friedman. Afinal o que se viu com a crise financeira nada mais foi do que "um capitalismo para os pobres e socialismo para os ricos". Foram os bancos centrais públicos que puseram à disposição dos bancos privados uma montanha de dinheiro para salvar esses mesmos bancos privados.Traduzindo o que aconteceu é o seguinte: Quando o mercado está ganhando os lucros são privados e quando ocorrem perdas, o prejuízo é socializado. A operação de salvamento por parte dos bancos centrais sinaliza para o conjunto da sociedade que na hora 'h' em vez de ser punido o capital acaba sendo premiado. A crise financeira mundial apresenta algumas lições. Uma delas é que apesar de se falar em triunfalismo da globalização, de irresistibilidade do neoliberalismo, das bolsas midiáticas, é sempre o Estado - acusado pela própria globalização de entrave ao maravilhoso mundo dos negócios -, o salvador das trapalhadas e por que não dizer trapaças do capital. A crise pode comprometer o crescimento econômico do País e atrapalhar o segundo mandato de Lula que se previa sem abalos na econômica. Agora, o Planalto teme uma freada no crescimento. Caso se confirme o pior cenário possível - a longevidade da crise - a maior vítima pode ser o Programa de Aceleramento Econômico (PAC).A crise financeira internacional é demonstrativa para o Brasil de outra amarga constatação. Apesar de uma situação um pouco mais confortável com o aumento das reservas internas, o país continua extremamente vulnerável. A vulnerabilidade brasileira acontece em função da forma subordinada como o país se insere na economia internacional. E o pior é que o país insiste nesse modelo de inserção subordinada a julgar-se pela insistência na aposta das commodities do agronegócio. Em que pese à análise crítica à crescente commoditização da economia nacional, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff fez questão defender o etanol e afirmou que hoje não existe no país a contradição entre produção de energia e a de alimentos. A ministra desconsidera o alerta feito pela FAO que o mundo corre o risco de um aprofundamento da pobreza e de danos ainda mais graves ao ambiente, a menos que altere radicalmente sua estratégia quanto à bionergia.
Cesar Sanson -Pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores e doutorando de Ciencias Sociais na UFPR. Esta análise foi feita em um trabalho conjunto com a equipe do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).24/08/07
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